sexta-feira, 15 de março de 2013

Guts


*pode conter spoilers*


A primeira temporada de Homeland traçou um caminho raro na televisão, montando um thriller tenso e com personagens profundamente críveis. A cada episódio eles encontravam uma nova maneira de nos deixar mais amarrados, cada vez mais achando que no próximo episódio seriam o ponto de virada de tudo. Uma destas séries que tem cara de caminhar para um final forte, com talvez 1 temporada só. E eles preparam tudo para que isso venha a acontecer. E a antecipação para o final de temporada é incrível. Eles tinham chance de fazer história nos seriados se tomassem uma decisão forte no season finale da primeira temporada, mas resolveram pegar leve e garantir os personagens estabelecidos para a segunda temporada.

Revenge tinha tudo para ser uma série na linha de Pretty Little Liars, Gossip Girl e afins, mas se propôs a tentar algo diferente e foi fundo na vingança. E lá pela metade da primeira temporada você não sabe como poderia ter mais do que 3 episódios restando... a porrada estava comendo solta. E a cada vez que a coisa chegava num clímax, tínhamos mais uma virada no roteiro e voltávamos para um ponto atrás. A sensação na segunda, terceira vez que isso acontece é de que você está sendo enganado, afinal, a série precisa ter 22 episódios na primeira temporada. O final da primeira temporada tem sim dois bons twists, mas a minha dúvida é se ela poderia ter terminado mais cedo e com mais força.

Ando preocupado com uma certa falta de, por uso de melhor termo, culhões na produção das séries. A necessidade de se criar um produto vendável pelo maior tempo possível e a história a ser contada, a arte por trás de uma produção desta fica em segundo plano. Os fãs ficam felizes com a continuidade, mas vejo cada vez mais insatisfação quanto mais a coisa parece forçada. Um bom exemplo disso é uma das séries mais comentada da última década, Lost. Antes de fixar um final para série, dava para perceber os roteiros rateando e foi um momento que muitos dos fãs acabaram abandonando a série.

Além disso, estamos começando a ver um evento que eu só tinha presenciado nos filmes: os remakes. Inicialmente, para mim, aconteceu com The Killing, que era uma série nórdica e foi adaptada para os Estados Unidos. E de repente outras séries começaram a aparecer fazer o mesmo. Claro, antes disso, tiveram os comebacks de séries como 90210, mulher biônica, charlie's angels entre outros. E quando não é um reaproveitamento de idéias, algumas séries parecem se manter sempre na segurança.

A série que me veio a cabeça é a "House of Cards", do netflix. Personagens muito bons, atores fantásticos, diálogos inspirados e diretores prestigiados e, ainda assim, a série passa no mínimo metade da primeira temporada jogando na segurança, sem arriscar e, por vezes, caindo na obviedade. O personagem principal é tão bom, mas tão bom, que você não chega a temer que nada que ele faça vá dar errado. Quando isso parece que vai ficar óbvio para o mundo todo, eles encaixam um erro bobo, digno de briguinha da quinta série, só para até o final do mesmo episódio ele já ter resolvido tudo. Fortuitamente, a série parece estar tomando um curso interessante nos episódios seguintes e pode ser que este lado mais fraco da mesma fique para trás.

Basicamente, o que eu queria dizer, é que não importa você explodir um pouco as coisas no final da temporada seguinte, se você perdeu o momento e não teve culhões de buscar fazer algo relevante.

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