sábado, 18 de setembro de 2010

Expectativas

"Seven Years passed, I stopped going to Paradiso Perduto, I stopped painting. I put aside the fantasy and the wealthy, and the heavenly girl who did not want me. None of it would happen to me again. I'd seen through it. I elected to grow up." Finnegan Bell


A vida passa muito rápido. Rápido demais. Num momento você tem 19, 20 anos e surfa na onda das possibilidades. Todos os caminhos são válidos porque tudo vai te levar a algum lugar e o que é a vida se não puder aproveita-la. No próximo você ta na porta dos 30, com a conta no negativo, um puta preju no carro e um longo, triste e solitário caminho para andar até sua casa. Tudo aquilo que você imaginou passou e te deixou para trás. Parece que só você errou, que todas as pessoas tiveram de achar um meio para viver a vida e todos os dias tem algo mais para fazer.

As dores que sentimos vão se acotovelando para mais uma chance de aflorar. Se não largamos nem as dores para trás, como podemos esperar esquecer todos os momentos que passamos. Como chamar o Doutor Howard Mierzwiak torcendo para ouvir um "Meet me in Montauk?" nos confins da sua mente. E como esperar um raio de sol numa vida nublada. E quando ele aparece, como não querer correr para ele e se jogar torcendo para nos esquentarmos? "This is my heart. It is broken" diria um melancólico Finn para Estella e qual de nós não poderia dizer o mesmo. "This is my life and it´s ending one minute at a time".

E o que fazer? Ser apenas mais um na multidão, ou brigar por seu estilo de vida, fazer ele funcionar, correr atrás das coisas que realmente te importam por mais que te digam que suas prioridades estão erradas. Se você acordar em outro lugar, em outro horário, você poderia acordar como outra pessoa?


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Six Feet Under

"And then I remember to relax, and stop trying to hold on to it, and then it flows through me like rain and I can't feel anything but gratitude for every single moment of my stupid little life... You have no idea what I'm talking about, I'm sure. But don't worry... you will someday." - Lester Burnham








Acordar, tomar café, ler o jornal, trabalhar, almoçar, sono, trabalhar, sono, casa, jantar, exercícios, estudar, dormir, sonhar, acordar. Rotina. "10 INPUT A, B. 20 FOR I=A TO B STEP 1. 30 IF MOD (I, 2)>0 THEN 50. 40 PRINT I. 50 NEXT I. 60 END". Rotina. Quando pequenos sonhamos com o que vamos ser, com como vamos mudar o mundo. Astronauta, cientista, arqueologo, bárbaro, estrela do rock, de hollywood. Levanta a mão quem disse que queria ser contador quando pequeno. E caixa de supermercado? Alguém? E os dias vem, as aulas, a faculdade, as contas. Primeiro de coisas inúteis, como quem paga a cerveja? Mcdonalds, buster de magic, locação do playball. Mas ai vem as contas do telefone, do aluguel, da luz, de água, a parcela do cartão, a parcela da faculdade de 3 anos antes, o ipva. E quando nos vemos de novo estamos trabalhando para alguém, numa posição que jamais imaginamos. Somos o contador, o caixa, o atendente. Mas o que dizer? Precisamos pagar as contas. E assim, virando a esquina, estão os 30 anos, os 40. A familía já esta formada, tem a escola das crianças, o plano de saúde, a ajuda para a mãe, para o avô doente. Os sonhos da banda que iria formar, dos filmes que iria fazer, da primeira missão tripulada para marte, das tumbas do faraó esquecido, tudo fica para trás, sonhos de crianças. E tudo que podemos desejar é que tenhamos dinheiro para pagar tudo no final do mês.


A vida passa em uma piscada. Em um instante, de repente, já não somos mais crianças e não se pode sair por ai descalço, de repente já não somos mais adolescentes e não se pode mais ter um comportamento rebelde, de repente não somos mais jovens e não temos mais ninguém para correr, nenhum colo para receber. Quando o Muricy Ramalho (técnico do fluminense) recusou a proposta para ser técnico da seleção brasileira para honrar seu contrato com o time carioca, muitos acharam que ele errou e em resposta ele disse apenas: "Eu tenho filhos pequenos, tenho de chegar em casa e poder olhar na cara deles e eles saberem que o pai deles é integro. Que honra a sua palavra". Dizem que quando morremos não estamos realmente mortos porque nossas frases, nossa maneira, nossos momentos ficam salvos na mente daqueles que nos conheceram. Nós continuamos vivos na mente dos outros e que tudo que cativamos, experênciamos e ensinamos continuará vivo enquanto eles viverem.
Será que é suficiente? Será que os sonhos que tinha, as vidas que poderia ter vivido em todos os ontem possíveis cabem na vida que levo hoje? Dizem que para morrer, basta estar vivo. O seu fim pode estar logo na próxima esquina, na próxima garfada, no próximo banho. e o que você vai deixar? Sempre se pode fazer mais, sempre se pode ser melhor. Do que você vai se lembrar quando morrer?
E como você gostaria de ser lembrado?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Nosso povo não canta o hino no dia 7 de setembro, mas sim quando a Seleção joga. É neste momento que sua manifestação cívica é mais ardente

"32 nations, one world watching"

- bono vox


A elasticidade. A força e a precisão. O leve toque nos dedos e o encontro com a trave. Essa cena, capturada por milhares de olhos, repassada por 32 cameras diferentes, em HD, em ultra slowmotion, em 3D. As novidades tecnologicas se unindo ao maior espetáculo do mundo. Nenhum outro evento captura tanto os corações e mentes de todas as nações. Muito se preparou contra roubos, ataques terroristas, guerrilha, mas nada aconteceu. O mundo para durante a Copa.



Claro, muitos vão dizer que a Copa do Mundo de futebol é besteira. Que dão muita importancia para um esporte bobo, de 22 marmanjos correndo atrás de uma bola e isto pode até descambar para o fato de que esporte fede e que não ajuda em nada o mundo e que se movimenta dinheiro demais com uma coisa superflua. No geral, este tipo de argumento é dado por pessoas que não entendem nada do que estão falando, blasés e que costuma se colocar a cima do povo. O futebol é sim um esporte e que ao mesmo tempo deveria ser apenas diversão, prazer, paixão. Mas ao mesmo tempo movimenta massas, movimenta quantias enormes de dinheiro e sem dúvida movimenta a politica de diversos lugares. Prefeitos foram eleitos por torcerem para determinados times, governadores subiram ao poder por construir obras relacionadas, da-se um pouco, recebe-se um pouco e a roda gira. Menosprezar a força deste esporte no mundo é um grande erro. E não falo apenas do pão e circo que dele se espera, mas da capacidade que tem de simplesmente influenciar a todos, de forçar a inovação, de capitalizar.

E não podemos deixar de destacar a beleza. A arte de se jogar, de se tocar bem. A grande visão, as grandes malandragens. O gol de Pelé na final de 58, La mano de Dios e o segundo gol de Maradona na copa de 86 contra os ingleses, os toques geniais para o quarto gol de Carlos Alberto Torres em 70. A seleção de 70, com Pelé, Rivelino, Tostão, Jairzinho, Gerson, todos jogando para frente, a laranja mecanica de 74, a seleção canarinho de 82 de Zico, Falcão, Cerezo, Junior e Sócrates. Os infinitos gols, as zebras, o nó na garganta de cada um, o ato de realmente se sentir parte do país, de ver as ruas coloridas, a felicidade, a tristeza e a emoção de cada um dos jogadores. Em beleza também é bom se destacar os emissoras que aproveitam para mostrar o país sede, a cultura, a arte, o povo. Há tanto para se ver. Ou então programas como o C.O.P.A. (cultura, organização, politica e arte) da ESPN Brasil, que mostra não apenas os mundiais, mas tudo que gira em torno. Riquissimo.

É o evento mais assistido no mundo, ganha das olimpíadas, do mundial de Rugby, do Oscar e da final do American Idol. E sempre marca, sempre deixa memórias boas, memórias ruins, "O que você tava fazendo na hora do gol?", "Aquele Lazaroni...", "Dunga Fd...". Esta agora, na Africa do Sul, está acabando e vai deixar muita história para se contar. Cada seleção joga, no mínimo, 3 jogos e no máximo 7. Sete jogos só e mesmo assim conversas para mais 1, 2, 4 anos. A próxima é aqui, no Brasil e vai ser a nossa vez de mostrarmos que podemos ser melhores como povo, como seres humanos do que parece. Será que conseguimos?

segunda-feira, 26 de abril de 2010

-273°C

"Every shadow, no matter how deep is threatened by morning light"
-Izzi Creo



Sem energia.
Sem vontade.
Esperando poder ficar parado, olhar sem vontade para a incrivel tela mágica que troca de imagens sem que eu tenha de me mover. Quem sabe ler. Quem sabe não. Não querendo nenhuma obrigação, nenhuma necessidade de me explicar. Nem um olhar me dizendo que eu estou errado, que eu devia ser mais, fazer mais. Nenhuma voz com um tom de desaprovação. Nada. Um dia, dois, três, mil. Só eu, minha prisão pessoal e nenhuma preocupação.



É fácil deixar a escuridão interior aflorar. É quase como sangue morno que escorre por sobre a ferida. Já não doi mais, já não arde mais. É assim, me deixando levar. "O que você quer?" "Que você não me enxa o saco. Que você não espere nada de mim".



Mas assim se acabam as noites e a nova manhã chega e hora de acordar e fazer tudo que se espera de mim.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Copo meio cheio

"Sorria e o mundo sorri com você. Chore e você chorará sozinho".
- Oh Dae-Su




Dar notícias arrasadoras é uma arte. O tato certo para se falar, o momento, como estar preparado para as mais diferentes reações. A maneira certa de confortar e também de manter a distância. Isso tudo é sempre muito complicado e as pessoas que fazem isso com maestria deveriam sempre ser homenageadas. Mas e quem recebe as notícias? Afinal, depois de dada a notícia, depois de confortada a pessoa da menos pior maneira possível, quem tem de se virar com a dor, com o problema, é quem recebeu a notícia.


O choque de uma notícia ruim nos faz pensar que está tudo acabado, que a vida é sempre ruim com a gente, que não há motivos para continuar se sempre vamos levar na cabeça. "Oh vida, Oh céus, Oh azar". Não é nem se desesperar por pouco, é estar preparado para que as coisas deem certo e elas não darem. O que no geral, se a vida ensina algo por experiência é que as coisas tendem a não dar certo mesmo. A partir dai, temos dois caminhos: Desistir de tudo que se vinha trabalhando, fazendo ou qualquer coisa assim, entrar em depressão e ficar parado ou se levantar e buscar novas saida, fazendo limonada das pedras que lhe foram dadas.

Enquanto quem chora e se desespera tem apoio por algum tempo e depois acabando ficando mais e mais sozinho (novos motivos para chorar e se desesperar), quem se levanta e vai para cima de novo pode nem receber o devido valor de tal atuação, mas sem dúvida tem mais possibilidade de ser aplaudido e de encontrar felicidade. Claro que em ambos os casos há um período de pesar, um momento de introspecção, mas em um este período dura apenas o que deve durar, enquanto no outro isso segue indefinidamente.


segunda-feira, 19 de abril de 2010

Crescer

"Ou você morre um herói, ou vive tempo suficiente para ver a si mesmo se tornar o vilão"
- harvey dent


Alguns dos melhores filmes para qualquer idade são aqueles como camadas de compreensão. Isso é, quando você tem 12 anos, você assiste ao filme, gosta e entende um certo número de coisas, mas o filme parece completo para você. Ai você conversa com seu pai e seu avô sobre o mesmo filme e descobre que eles viram coisas completamente diferentes das que você viu. Para mim, a vida também é assim.

Não quero dizer que acordo no dia seguinte ao meu aniversário e compreendo coisas que jamais havia percebido, mas sim que esse conhecimento, essa compreensão diferenciada se da a partir de momentos de aprendizado, de quebrar a cara, de introspecção. E como reexaminar sua vida em seu leito de morte e lembrar de como encarava a vida antes, quando criança, quando jovem, quando adulto.

Sempre que passo por um momento destes, de analise da minha vida, me pego lembrando do marinho, de mim como 10, 11 anos. O que eu pensava? O que eu queria para minha vida? Quem eu seria? Como trataria as pessoas e mostraria sempre que me importava? Ah! Como era bonzinho esse menino. Como era preocupado em fazer do mundo um lugar melhor para todos e como o dia a dia, os anos, os dívidas, o trabalho, as marcas o mudaram. Muitas e muitas vezes a vida te propcia momentos em que você pode se perder, esquecer quem você é, se deixar levar. Os dias se acumulam e não param de vir, como as chicotadas de um carrasco e quando você consegue parar para respirar é que percebe o quanto passou e o quanto a vida e a realidade está distante daquilo que você se propôs lá atras, quando ainda era um menininho cheio de sonhos e vontades.

Seria interessante se todos pudéssemos levar uma versão minituara nossa da infância, como um pocket mini-me, e que a cada decisão pudéssemos olhar para ele e ver o que ele acharia que deveríamos fazer. Acho que se o meu olhasse para mim hoje estaria decepcionado e sem acreditar na letargia e nas dificuldades que eu me deixo passar. E o seu? Estaria satisfeito?