domingo, 31 de março de 2013

e o porquê de precisarmos de alguém como Mike Patton



Michael Allan Patton é conhecido por ser o vocalista do Faith No More. É conhecido também por ter diversos projetos paralelos, de vertentes e estilos completamente diferentes. Além de vocalista do Faith No More, ele tem os projetos Peeping Tom, Mr. Bungle, Tomahawk, Mondo Cane, Fantômas e Lovage. Além disso, ele participou de diversos álbuns, de Bjork a Sepultura.

Mas qual a importância disso??? Afinal é um cara, multi-instrumentista, vocalista e que participa de vários projetos, alguns mais famosos que outros. Quantas outras pessoas não fazem o mesmo e não merecem nem menção? A diferença aqui começa com o fato de que o Mike Patton é vocalista de uma banda de grande expressão, com boas vendas e aclamada por fãs e críticos. É reconhecido por ter uma voz forte e extremamente variável, indo de falsetes a guturais com facilidade e desenvoltura. Só isso já o colocaria sob o Spotlight. E por isso ele é diferente de todos os outros.

Que deve existir alguém experimentando com musica africana e o pop americano, que deve ter alguém usando a voz apenas como instrumento em algum lugar do mundo, que deve ter alguém cantando dance music como óperas pelo mundo eu tenho certeza que sim. Mas quantas pessoas realmente tem contato com isso? Quantas pessoas se preocupam em ir procurar isso? Não muitas, eu imagino. Mas Mike Patton gosta de experimentar. Fez de seu Fantômas uma banda sem letra nas músicas, porque seu vocal é apenas mais um instrumento. Com Mondo Cane regravou canções pop italianas da década de 50 e 60 com uma orquestra e mais 15 músicos de apoio. E diferente de muitos dos músicos mundiais que gostam de experimentar, Mike Patton trás isso a público, faz turnê com seus projetos, continua produzindo novos materiais com todas, lança CDs, fala sobre em entrevistas, faz você querer ouvir e com isso abre espaço para novas sonoridades para diferentes músicos pelo mundo todo.

Só por isso já bastaria. Só por ser capaz de diversificar tanto sua produção, manter ela constate, ampliar horizontes e permitir o contato com tudo isso por pessoas no mundo inteiro já seria mais do que suficiente. Mas o cara, além de tudo, é muito bom no que faz.

Paralelos Musicais



Não é raro encontrarmos no mundo da música duas bandas formando a base inicial de um movimento e, até mesmo, serem encaradas como "disputando" uma com a outra. A imprensa inglesa é campeã nisso, seja colocando Rolling Stones contra Beatles, seja colocando Oasis contra Blur. Com o começo do grunge, Nirvana e Pearl Jam, apesar de não serem as primeiras bandas a surgirem do movimento, são as que levantaram o movimento. Dizem que com a morte do Kurt Cobain, o Eddie Vedder se trancou em um quarto por um mês sentindo que o peso de continuar com o movimento havia caído sobre seus ombros. Não sei se isso realmente aconteceu, mas o que veio depois foi a transformação do Pearl Jam em uma das maiores bandas na atualidade.

Nos anos 2000 surgiu o que veio a ser chamado de garage rock ou raw rock, com bandas como The Strokes, The Hives, The Vines, The Killers, The White Stripes, entre outros. Um movimento marcado por linhas muito dançantes no baixo, teclados e guitarras cruas com muitos riffs. De 2001 para cá muito mudou neste cenário, diversas das bandas que surgiram no boom do movimento já não existem mas, mas as duas maiores se mantem fortes: The Strokes e The Killers.

Enquanto a primeira me passa uma sensação parecida com o Nirvana com garotos de cabelos desalinhados, muita atitude e parecendo não se importar com nada. Enquanto isso, o Killers parece passar justamente o oposto, de bons moços, rumados e com uma base solida, estruturada. Com pouco mais de 10 anos de estrada, é possível ver em seus shows as pessoas catando a plenos pulmões como se entoassem hinos, como se fosse a banda da vida delas.

Pouco mais de 10 anos apenas, 4 álbuns, e é a banda favorita de diversas pessoas. Isso, muito provavelmente, se dá em volta do vocalista da banda Brandon Flowers. Figura carismática e com ótima voz que chama o público e passa uma visão de alguém próximo, possível. Fã de diversas bandas, tenta cantar com seus ídolos sempre que possível, aumentando a sensação do gente como a gente. E quando se trata de seu show, ele mantem todos cativados.

De certa maneira, eu acabei encontrando um paralelo nestas situações, entre o grunge e o raw rock, no crescimento de um movimento e nas bandas que viram bandas da sua vida. Nenhuma delas são bandas da minha vida, gosto de algumas, não gosto de outras, mas talvez por isso eu tenha conseguido fazer esse paralelo. O quanto da atitude é importante para uma banda ganhar fãs, o quanto da atitude é um problema para a banda continuar forte?

terça-feira, 26 de março de 2013

O (meu) mal atual



Eu nasci em uma época de deixar recados porque as pessoas não estavam em casa. De telefone fixo e orelhão. Nasci numa época sem internet, sem computador, para dizer bem a verdade, apesar de muito cedo eles terem aparecido em casa. Mas eu nasci numa época em que ser multitarefas era ler enquanto ouvia música.

Já mais velho, com os videogames, eu passei a jogar, ler e ouvir música, ou falar no telefone ao mesmo tempo. Então, acho que de certa forma, o vírus já estava em mim desde pequeno. Me peguei ontem lendo quadrinhos, enquanto fazia uma apresentação do trabalho. Além disso, estava passando na tv o amistoso da seleção brasileira contra russa, enquanto eu ainda mantinha atualizada minhas redes sociais. Sentei para assistir o jogo e não consegui não levar o celular comigo pelo menos. Achei estranho que eu não conseguia mais assistir um jogo sem acompanhar em tempo real mais alguma coisa.

Acho que esta tendência só deve piorar. Em mim, claro, que já esta estabelecida, mas penso para as novas gerações. No meu mestrado, quase todos acompanham a aula com ipads e notebooks, o professor não lembra de algo e já encontramos quem fez, o que fez e como fez na internet dos nossos celulares. A aula fica mais recheada, sem dúvida, mas ao mesmo tempo, muda o jeito como aprendemos.

Impedir isso ou tentar ir contra é burrice, claro. É necessário encontrar uma maneira de manter as coisas dentro do controle e não sobrecarregar o cérebro de informações, dar tempo para o cérebro se desligar e remontar o que foi absorvido durante o dia.


sexta-feira, 15 de março de 2013

Guts


*pode conter spoilers*


A primeira temporada de Homeland traçou um caminho raro na televisão, montando um thriller tenso e com personagens profundamente críveis. A cada episódio eles encontravam uma nova maneira de nos deixar mais amarrados, cada vez mais achando que no próximo episódio seriam o ponto de virada de tudo. Uma destas séries que tem cara de caminhar para um final forte, com talvez 1 temporada só. E eles preparam tudo para que isso venha a acontecer. E a antecipação para o final de temporada é incrível. Eles tinham chance de fazer história nos seriados se tomassem uma decisão forte no season finale da primeira temporada, mas resolveram pegar leve e garantir os personagens estabelecidos para a segunda temporada.

Revenge tinha tudo para ser uma série na linha de Pretty Little Liars, Gossip Girl e afins, mas se propôs a tentar algo diferente e foi fundo na vingança. E lá pela metade da primeira temporada você não sabe como poderia ter mais do que 3 episódios restando... a porrada estava comendo solta. E a cada vez que a coisa chegava num clímax, tínhamos mais uma virada no roteiro e voltávamos para um ponto atrás. A sensação na segunda, terceira vez que isso acontece é de que você está sendo enganado, afinal, a série precisa ter 22 episódios na primeira temporada. O final da primeira temporada tem sim dois bons twists, mas a minha dúvida é se ela poderia ter terminado mais cedo e com mais força.

Ando preocupado com uma certa falta de, por uso de melhor termo, culhões na produção das séries. A necessidade de se criar um produto vendável pelo maior tempo possível e a história a ser contada, a arte por trás de uma produção desta fica em segundo plano. Os fãs ficam felizes com a continuidade, mas vejo cada vez mais insatisfação quanto mais a coisa parece forçada. Um bom exemplo disso é uma das séries mais comentada da última década, Lost. Antes de fixar um final para série, dava para perceber os roteiros rateando e foi um momento que muitos dos fãs acabaram abandonando a série.

Além disso, estamos começando a ver um evento que eu só tinha presenciado nos filmes: os remakes. Inicialmente, para mim, aconteceu com The Killing, que era uma série nórdica e foi adaptada para os Estados Unidos. E de repente outras séries começaram a aparecer fazer o mesmo. Claro, antes disso, tiveram os comebacks de séries como 90210, mulher biônica, charlie's angels entre outros. E quando não é um reaproveitamento de idéias, algumas séries parecem se manter sempre na segurança.

A série que me veio a cabeça é a "House of Cards", do netflix. Personagens muito bons, atores fantásticos, diálogos inspirados e diretores prestigiados e, ainda assim, a série passa no mínimo metade da primeira temporada jogando na segurança, sem arriscar e, por vezes, caindo na obviedade. O personagem principal é tão bom, mas tão bom, que você não chega a temer que nada que ele faça vá dar errado. Quando isso parece que vai ficar óbvio para o mundo todo, eles encaixam um erro bobo, digno de briguinha da quinta série, só para até o final do mesmo episódio ele já ter resolvido tudo. Fortuitamente, a série parece estar tomando um curso interessante nos episódios seguintes e pode ser que este lado mais fraco da mesma fique para trás.

Basicamente, o que eu queria dizer, é que não importa você explodir um pouco as coisas no final da temporada seguinte, se você perdeu o momento e não teve culhões de buscar fazer algo relevante.