sábado, 16 de janeiro de 2021

Quarent.ena

 1981.

O ano começava com um novo presidente americano assumindo o seu primeiro mandato, depois de vencer um presidente que não conseguiu se reeleger. Também contou com a visita do primeiro ministro canadense Pierre Trudeau, pai do atual primeiro ministro Justin Trudeau, visitou o Brasil e um time brasileiro foi campeão do mundial interclubes pela sua primeira vez. 

Estávamos sob uma ditadura militar e setores do exercito brasileiro, descontentes com o a lenta abertura democrática que vinha se desenhando, resolveram fazer um ataque a bomba no Riocentro. O episódio que ficou conhecido como "Atentado ao Riocentro" foi pífio, como era de se esperar. Uma das bombas explodiu de maneira prematura no carro que estava levando-as para o evento, matando um dos militares e ferindo o outro. Uma outra bomba foi lançada numa estação elétrica, mas explodiu na área externa e nem chegou a cortar o abastecimento do evento. Tentaram culpar os grupos de esquerda, mas eles não mais existiam e a hipótese não se sustentou. Acabaram admitindo que havia sido grupos extremos do exercito mesmo e um general, chefe da casa civil, abandonou o cargo.


2021.

Quarenta anos depois, vivemos um momento chave na nossa história. O Brasil passa por um desmonte absurdo em todas as áreas. As multas caíram muito no IBAMA, as queimadas foram as maiores em mais de uma década. A saúde deixou de cobrir exames de AIDS e HIV, assim como também acabou com a cobertura para tratamentos psiquiátricos e afins. A economia andou para trás com a moeda que mais desvalorizou no último ano no mundo todo, a inflação voltou a assombrar o dia a dia e o tal do ministro que resolveria tudo poderia ser trocado por um boneco de posto que seria mais util. A cultura não tem mais projetos aprovados em lei de incentivo, os aprovados não conseguem liberação para captar, o apagão de 2021 será enorme. Falando em apagão, o Amapá passou por 22 dois dias com rodizio de luz, além de contar com alguns dias sem luz nenhuma na maior parte das cidades do estado. E não é só lá que isso pode acontecer. O desemprego bate recordes e voltamos a figurar na linha da miséria. A falta de investimento dos últimos anos é sentida, sem dúvida, mas o principal é falta de ação. A lista de absurdos cresce a cada dia. É a pior equipe dos últimos trinta anos que passou pela administração do país. E eles estão apenas seguindo a cartilha do desmonte que foi projetado. A ideia é deixar terra arrasada e um país totalmente quebrado, enquanto munia as milícias e da liberdade para as PMs. 

Se isso já não fosse o suficiente, estamos no meio de uma pandemia com um vírus que já matou mais do que 208 mil brasileiros em menos de um ano e mais de 2 milhões de pessoas em todo mundo. Pandemia que o governo fez muito muito pouco para ajudar. Digo muito pouco porque, no fim, acabou por liberar um auxilio de 600 reais por alguns meses. Fora isso, fez tudo que pode para prejudicar. Apostou em remédios sem eficácia, não apoiou as poucas coisas que poderiam diminuir a dispersão do virus e, quando teve a chance, não comprou vacinas para o país, nos colocando numa fila na busca pela vacina e por insumos.

Eu conto isso para nos colocar no tempo. Para deixar marcado o que vivemos. O mundo passa por um crescimento da extrema-direita, com pés no fascismo, descaramento e ganhando muito mais seguidores do que podíamos imaginar. 

Quando comecei este post, era meu aniversário. 40 anos. Foi um aniversário muito bom, um dia muito tranquilo e feliz. Completamente diferente do caos que se vive lá fora. Não teremos muito dias assim no restante do ano que se segue. Precisamos aproveitar as pequenas alegrias e pausas, pois haverá muita luta. Se preparem.