quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Six Feet Under

"And then I remember to relax, and stop trying to hold on to it, and then it flows through me like rain and I can't feel anything but gratitude for every single moment of my stupid little life... You have no idea what I'm talking about, I'm sure. But don't worry... you will someday." - Lester Burnham








Acordar, tomar café, ler o jornal, trabalhar, almoçar, sono, trabalhar, sono, casa, jantar, exercícios, estudar, dormir, sonhar, acordar. Rotina. "10 INPUT A, B. 20 FOR I=A TO B STEP 1. 30 IF MOD (I, 2)>0 THEN 50. 40 PRINT I. 50 NEXT I. 60 END". Rotina. Quando pequenos sonhamos com o que vamos ser, com como vamos mudar o mundo. Astronauta, cientista, arqueologo, bárbaro, estrela do rock, de hollywood. Levanta a mão quem disse que queria ser contador quando pequeno. E caixa de supermercado? Alguém? E os dias vem, as aulas, a faculdade, as contas. Primeiro de coisas inúteis, como quem paga a cerveja? Mcdonalds, buster de magic, locação do playball. Mas ai vem as contas do telefone, do aluguel, da luz, de água, a parcela do cartão, a parcela da faculdade de 3 anos antes, o ipva. E quando nos vemos de novo estamos trabalhando para alguém, numa posição que jamais imaginamos. Somos o contador, o caixa, o atendente. Mas o que dizer? Precisamos pagar as contas. E assim, virando a esquina, estão os 30 anos, os 40. A familía já esta formada, tem a escola das crianças, o plano de saúde, a ajuda para a mãe, para o avô doente. Os sonhos da banda que iria formar, dos filmes que iria fazer, da primeira missão tripulada para marte, das tumbas do faraó esquecido, tudo fica para trás, sonhos de crianças. E tudo que podemos desejar é que tenhamos dinheiro para pagar tudo no final do mês.


A vida passa em uma piscada. Em um instante, de repente, já não somos mais crianças e não se pode sair por ai descalço, de repente já não somos mais adolescentes e não se pode mais ter um comportamento rebelde, de repente não somos mais jovens e não temos mais ninguém para correr, nenhum colo para receber. Quando o Muricy Ramalho (técnico do fluminense) recusou a proposta para ser técnico da seleção brasileira para honrar seu contrato com o time carioca, muitos acharam que ele errou e em resposta ele disse apenas: "Eu tenho filhos pequenos, tenho de chegar em casa e poder olhar na cara deles e eles saberem que o pai deles é integro. Que honra a sua palavra". Dizem que quando morremos não estamos realmente mortos porque nossas frases, nossa maneira, nossos momentos ficam salvos na mente daqueles que nos conheceram. Nós continuamos vivos na mente dos outros e que tudo que cativamos, experênciamos e ensinamos continuará vivo enquanto eles viverem.
Será que é suficiente? Será que os sonhos que tinha, as vidas que poderia ter vivido em todos os ontem possíveis cabem na vida que levo hoje? Dizem que para morrer, basta estar vivo. O seu fim pode estar logo na próxima esquina, na próxima garfada, no próximo banho. e o que você vai deixar? Sempre se pode fazer mais, sempre se pode ser melhor. Do que você vai se lembrar quando morrer?
E como você gostaria de ser lembrado?